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Preocupados, ativistas brasileiros seguem reagindo e se posicionando contra a possibilidade de encerramento do programa PEPFAR

  • Foto do escritor: OSCIP Terra da Andorinhas
    OSCIP Terra da Andorinhas
  • 2 de set.
  • 4 min de leitura

Liliana Mussi
Liliana Mussi

Liliana Mussi, vice-presidente do Foaesp, foi ouvida pela Agência Aids de Notícias sobre o PEPFAR:

*Da Agência Aids de Notícias


O programa existe há 22 anos e apoia diretamente o combate ao HIV em 46 países considerados os mais pobres e vulneráveis do mundo

Desde que o jornal The New York Times publicou a notícia informando que existe a possibilidade de o governo do presidente Donald Trump alterar as verbas direcionadas ao Plano de Emergência do Presidente para o Alívio da Aids, o PEPFAR, a Agência Aids tem conversado com diferentes atores que são responsáveis por trabalhos e ações que contribuíram para consolidar e construir a resposta brasileira à pandemia.

O PEPFAR, criado pelo presidente republicano George W. Bush em 2003, apoia, há 22 anos, ações para o financiamento do tratamento, prevenção e pesquisa do HIV/aids. O programa já investiu cerca de US$ 120 bilhões de dólares na região. É considerado o maior compromisso de um país para a diminuição da pandemia do HIV/aids na África Subsaariana, região localizada ao sul do deserto do Saara, composta pelos 46 países mais pobres do planeta.

Todos são unânimes em condenar o redirecionamento dos recursos e comentam as possíveis consequências dessa ação.


Denilson Silva – “É um ataque direto à dignidade humana e um grave retrocesso nas conquistas globais contra a epidemia de HIV”



– Pai Denilson D’Oxaguiãn 

– Representante Estadual da RNP+ PARÁ

– Coordenador Movimento Atitude Afro Pará – Povos de Matriz Africana

 “A proposta de desmonte do PEPFAR representa mais do que um corte orçamentário: é um ataque direto à dignidade humana e um grave retrocesso nas conquistas globais contra a epidemia de HIV. O impacto será sentido de forma brutal por milhões de pessoas em contextos de extrema vulnerabilidade — especialmente em países sem acesso universal à saúde pública, como o SUS. Não se trata apenas de medicamentos ou diagnósticos, mas da interrupção de redes inteiras de cuidado, suporte comunitário e prevenção que salvaram vidas e reconstruíram esperanças nos últimos 22 anos. A decisão do governo Trump rompe com o princípio da solidariedade internacional, substituindo cooperação por oportunismo estratégico, e vida por geopolítica.

Diante desse cenário devastador, não podemos aceitar a paralisia como resposta. Governos do Sul Global precisam urgentemente se articular para formar consórcios regionais que garantam a produção e distribuição de medicamentos essenciais — inclusive usando as flexibilidades do Acordo TRIPS e mecanismos de licenciamento compulsório. Ativistas, pesquisadores e profissionais de saúde devem denunciar de forma veemente essa proposta, mobilizando parlamentos, redes internacionais e agências multilaterais para frear o plano. A comunidade internacional precisa fazer barulho — porque o silêncio é cúmplice do colapso.

É hora de transformar essa crise em um grito de soberania e reinvenção. A resposta não pode vir apenas dos afetados — precisa ser coletiva, estratégica e insurgente. Fortalecer o Fundo Global, apoiar organizações humanitárias como Médicos Sem Fronteiras e pressionar o Congresso dos EUA são caminhos imediatos. Mas o essencial é não deixar o assunto morrer. Manter a pauta viva, escancarar suas consequências e mostrar os rostos de quem será deixado para trás — isso é o que pode impedir que essa tragédia anunciada se concretize. Porque abandonar vidas em nome de interesses comerciais não é política pública — é negligência travestida de diplomacia”.



Cleide Jane – Secretária Executiva do Fórum de Ongs Aids do Rio de Janeiro “Acende um alerta gravíssimo para todas as redes, fóruns e organizações comprometidas com a vida.”



“A notícia de que o governo dos Estados Unidos, sob influência do trumpismo, prepara um plano para encerrar o financiamento do maior programa global de combate ao HIV/AIDS (PEPFAR) acende um alerta gravíssimo para todas as redes, fóruns e organizações comprometidas com a vida.

Como mulher negra, ativista e secretária executiva do FOAERJ – Fórum de ONG/Aids do Estado do Rio de Janeiro – reforço que nossa resposta deve ser imediata, coletiva, estratégica e afetuosa. Sabemos que são justamente as populações mais vulnerabilizadas – mulheres negras, pessoas vivendo com HIV, juventudes periféricas, profissionais do sexo, LGBTQIAPN+ – que sentirão primeiro e com mais força os impactos dessa decisão.

Esse movimento conservador e genocida não atinge apenas os países do Sul Global que ainda dependem fortemente desses recursos. Ele reativa o estigma, reforça desigualdades e tenta apagar todo o esforço da resposta comunitária construída ao longo de décadas com muita luta e solidariedade.

Acreditamos que só com união, denúncia pública e incidência política poderemos frear essa ameaça. O FOAERJ se soma ao chamado por uma resposta nacional que una redes, lideranças e territórios para garantir que a vida continue sendo prioridade.Seguiremos em vigília, em luta e em afeto.”



Liliana Mussi – Fórum de ONGS Aids de São Paulo – É uma medida com consequências trágicas e previsíveis.”


Desativar ou desfinanciar o PEPFAR não é apenas uma decisão técnica ou orçamentária — é uma medida com consequências trágicas e previsíveis. Não se trata apenas de uma mudança de política externa dos Estados Unidos. Trata-se de uma escolha que ameaça diretamente a vida de milhões de pessoas, especialmente nas regiões mais vulnerabilizadas do mundo. É uma ameaça real, concreta e profundamente injusta.

A epidemia de HIV não acabou. Ela persiste, silenciosa e desigual, e o corte de investimentos no enfrentamento dessa pandemia significa abrir mão de milhões de vidas. Um lamentável retrocesso. Desativar o PEPFAR é rasgar o pacto da humanidade com ela mesma. É dizer que algumas vidas valem menos. Que certos corpos podem ser esquecidos. Que o sofrimento alheio pode ser ignorado em nome de interesses políticos ou econômicos.

Acredito que diante da ameaça, faz-se necessário resistir com união e ações coordenadas, com alianças globais, com ciência e com cuidado. Também é importante pressionar instâncias internacionais, para que os compromissos históricos de solidariedade global sejam honrados.

Precisamos ainda mobilizar nossas comunidades, ampliar o acesso a informações, a prevenção e a testagem, favorecer a atuação em rede, dar visibilidade às vozes das pessoas vivendo com HIV, das juventudes, das comunidades periféricas, dos profissionais de saúde, pesquisadores e cientistas. 

E precisamos reafirmar, com toda a força: cada vida importa. Cada passo atrás no enfrentamento ao HIV custará muitas vidas.”

 

Foaesp

Veja matéria original.

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